Brain Rot: o Perigo das Redes Sociais para a Sua Mente

 


Em um mundo onde o celular se tornou praticamente uma extensão do corpo humano, uma expressão tem ganhado força entre jovens e especialistas: "Brain Rot", ou, em português, “apodrecimento cerebral”. O termo é usado de forma crítica e até cômica nas redes sociais, mas por trás dele existe uma realidade preocupante: o impacto profundo e negativo que o uso excessivo e descontrolado da internet, especialmente de conteúdos rápidos e viciantes, está causando no nosso cérebro.


📱 O que é "Brain Rot"?


“Brain Rot” é um termo não clínico, mas usado para descrever um estado mental de entorpecimento, falta de foco, perda de produtividade e dificuldade de concentração, causados principalmente por horas seguidas de rolagem em feeds como TikTok, Instagram Reels, YouTube Shorts e Twitter/X.


Você sente que seu cérebro está “derretendo” depois de maratonar vídeos curtos por horas? Que não consegue mais assistir a um filme inteiro sem mexer no celular? Isso é um sinal claro de que algo está errado — e é aí que entra o brain rot.






⚠️ Sintomas de quem está sofrendo de "Brain Rot":


Dificuldade de concentração por mais de alguns minutos

Impaciência para conteúdos longos ou leitura

Sensação de vazio ou tédio constante

Necessidade compulsiva de pegar o celular sem motivo claro

Perda de interesse por atividades fora da tela

Ansiedade e insônia



🧪 O que a ciência diz


Pesquisas recentes em neurociência mostram que o excesso de estímulos digitais pode alterar a forma como o cérebro processa recompensas. Os vídeos curtos, com muito movimento, som acelerado e recompensas instantâneas, liberam dopamina — o "neurotransmissor do prazer" — a todo momento.


Com o tempo, o cérebro se adapta e passa a rejeitar atividades que demandam mais esforço e foco, como ler, estudar ou simplesmente conversar sem distrações. Essa mudança afeta diretamente a memória, a criatividade, a saúde mental e o bem-estar emocional.


📉 O impacto em jovens e crianças


Crianças e adolescentes são ainda mais vulneráveis. Estudos já apontam aumento de TDAH (transtorno do déficit de atenção), ansiedade social, depressão e baixa autoestima em jovens que passam mais tempo conectados às redes sociais do que interagindo com o mundo real.


Muitos já relatam que não conseguem mais sentir prazer em atividades normais, como brincar, sair com amigos ou praticar esportes, sem a presença de um celular.


🧘‍♂️ Como evitar o brain rot?


Não é preciso abandonar totalmente as redes sociais — elas podem ser divertidas e até educativas quando usadas com consciência. O segredo está no uso equilibrado. Aqui vão algumas dicas práticas:


1. Estabeleça limites de tempo


Use apps que bloqueiam ou controlam o tempo de uso. Tente limitar o tempo de rolagem a no máximo 1 hora por dia.


2. Consuma conteúdos mais profundos


Dê espaço para conteúdos que exijam mais atenção, como livros, podcasts longos, documentários, debates e vídeos educativos.


3. Pratique o tédio


Permita-se momentos sem estímulo. O tédio é fundamental para o cérebro descansar e criar.


4. Reaprenda a focar


Tente treinar sua atenção com meditação, leitura e exercícios cognitivos. O foco é um músculo: precisa de treino.


5. Cuide do seu sono


Evite telas ao menos 1 hora antes de dormir. A luz azul atrapalha a produção de melatonina, o hormônio do sono.




O "Brain Rot" é um sinal de alerta. Ele nos mostra que, mesmo em uma era digital, o nosso cérebro ainda precisa de silêncio, foco, conexão real e pausas. Usar a tecnologia a nosso favor é possível — desde que sejamos conscientes e protagonistas da nossa atenção.



Lembre-se: a mente é seu maior bem. Não entregue ela de bandeja para um algoritmo.




Dr Drauzio Varella explicando o termo "rot brain"

Drauzio Varella é um médico, oncologista, cientista e escritor brasileiro.

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